Intestino preso é um problema?
- alexandre6504
- 14 de mai.
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Popularmente chamada de "prisão de ventre", a dificuldade em eliminar as fezes é um sintoma já experimentado pela maioria das pessoas. Sua ocorrência pode ser ocasional ou constante e, não necessariamente, exige investigação médica.
Em determinadas situações do cotidiano como viagens, tensão emocional ou mudança alimentar, ocorre um retardo na eliminação fecal que é rapidamente corrigido quando cessado o evento. Em contrapartida, quando o fenômeno é prolongado e passa a gerar incômodo ou sofrimento é conveniente consultar um médico para que a causa seja estabelecida e, por conseguinte, efetuado o tratamento. Certo é que o uso de laxantes por conta própria, especialmente de forma rotineira, não é uma medida salutar.
Comumente, as causas mais comuns de constipação intestinal são:
1. Alimentação industrializada e pobre em resíduos sólidos, uma vez que as fibras alimentares são imprescindíveis na formação e na expulsão do bolo fecal;
2. Baixa ingestão de líquidos, o que aumenta a densidade e o ressecamento das fezes;
3. Falta de mobilidade ou inatividade física, muito comum em indivíduos acamados ou sedentários;
4. Adiamento da satisfação do desejo evacuatório, especialmente quando nos encontramos apressados ou em locais com sanitários impróprios. Sendo assim, deveríamos nos preocupar se o nosso intestino permanecer preso por longo tempo, mesmo com os maus hábitos corrigidos?
Bem, uma avaliação clínica deveria ser realizada quando:
1. Há coincidência da obstipação intestinal com o uso de algum medicamento, o que pode sugerir um efeito colateral permanente ou transitório;
2. Fatores emocionais como depressão ou ansiedade são significativos e permanecem sem a devida abordagem;
3. Algumas doenças estiverem presentes como hipotireoidismo, diabetes e doença de Parkinson, entre outras, que afetam a movimentação intestinal;
4. Houver mudança recente do hábito intestinal, especialmente quando associada a perda de peso progressiva e acentuada, situação sugestiva de tumores malignos do intestino grosso. A presença de sangue nas fezes reforça muito esta suspeita;
5. Ocorrer alternância frequente entre amolecimento e endurecimento das fezes, combinada a desconforto abdominal por excesso de gases, o que pode estar ligado à chamada síndrome do intestino irritável.
Concluída a avaliação e descartadas as doenças primárias, muito provavelmente o cuidado sugerido pelo médico se baseará em medidas tradicionais relacionadas a hábitos alimentares e rotinas de exoneração intestinal. E quais são elas?
1. Buscar horários regulares e confortáveis de ida ao sanitário, sem a pressão de um tempo restrito de permanência no recinto;
2. Incorporar à alimentação diária a ingestão apropriada de líquidos e de fibras insolúveis, como farelo de trigo e aveia, além de folhas, bagaços, sementes e talos vegetais;
3. Realizar diariamente caminhadas e exercícios que induzam à mobilidade da parede abdominal. Em casos mais resistentes, poderá ser necessária a prescrição de emolientes fecais de uso diário, procinéticos do tubo digestivo ou até mesmo de laxativos. Vale dizer que é muito importante que a escolha obedeça à orientação médica, uma vez que alguns dos tradicionais laxantes têm potente efeito catártico e podem provocar danos à mucosa intestinal. Nesse caso, o que parece solução torna-se um mais um problema.
Alexandre Avellar Alves
Especialista em Geriatria e Medicina Interna

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