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Meu corpo todo dói...é a idade

  • alexandre6504
  • 14 de mai.
  • 4 min de leitura

Queixa muito frequente entre idosos, a “dor no corpo” sempre é um desafio ao diagnóstico. E, ao mesmo tempo, um desafio para quem, dia após dia, convive com o desconforto de um sintoma incômodo, desprazeroso e, quando prolongado, degradante.



O perfil do portador de dor corporal crônica sem tratamento adequado é o daquele indivíduo entristecido, de “mal com a vida”, sempre desanimado, preso à casa, cujos dias giram em torno de consultórios médicos, novas receitas, novos exames. Ao ser interpelado, diz que já não aguenta mais, que o sono é ruim, que se alimenta pouco, que as pessoas já o evitam e até desacreditam em suas queixas; afinal, dor não é medida, não é aparente...



Mas, afinal, o que causa a dor crônica nos mais velhos?



Para facilitar o entendimento, podemos é dividir as causas desse problema entre as ortopédicas, reumatológicas e neurológicas. As dores dos dois primeiros grupos, quando crônicas, dificilmente escapam ao diagnóstico médico, dado o relativo bom arsenal de exames de que dispomos atualmente e, principalmente, à progressão das próprias doenças que, no caso, evoluem, “aparecem” em algum momento. Já as de origem neurológica exigem maior apuro na avaliação e comumente são atribuídas à idade avançada. Um erro comum: tornar-se mais velho não significa ficar doente ou conviver obrigatoriamente com dores. Por último, há o segmento dos transtornos emocionais que muitas vezes manifestam seus sintomas na forma de um componente difuso, vago e não menos desconfortável.



Das doenças ortopédicas dolorosas, entre os mais velhos, a mais comum é a osteoartrite (osteoartrose ) degenerativa. Trata-se de uma doença crônica que acomete as articulações, especialmente das mãos, ombros, quadris, coluna vertebral e joelhos, causada pela progressiva perda de tecido cartilaginoso nessas juntas. Ao mesmo tempo, formam-se deformidades ósseas chamadas osteófitos (os famosos bicos de papagaio) e o espaço de mobilização dentro da articulação se reduz. Com a atrofia dos músculos das regiões afetadas (muito frequente em idosos e sedentários) a mobilização dos membros piora, qualquer tentativa de movimento é dolorosa e forma-se, então, um círculo vicioso. Infelizmente, muitos idosos convivem com dor, perdem sua independência e demonstram elevado risco de queda em virtude desse processo. É fundamental a reabilitação física (exercícios orientados, fisioterapia) e o uso de medicamentos específicos.



Outra doença ortopédica “famosa” é a osteoporose, cujo nome se confunde com a anterior, mas que excepcionalmente causa dor. Osteoporose dói quando há fratura, esta sim dolorosa. E quando o osso se parte por causa da osteoporose certamente ela já avançou muito e teremos que cuidar muito bem do portador. Afinal, até aquele momento ela esteve silenciosa, provocou uma enorme perda de massa óssea e numa simples queda, numa fratura do fêmur, a vida deste indivíduo pode mudar: cirurgia, imobilização prolongada e suas complicações, sequelas, medo de cair novamente, perda da independência... Logo, nada como preveni-la (a palavra- chave da medicina) e quando ela já existir tratar efetivamente, com medicação combinada à dieta, suplementação mineral e mobilização orientada.



Falando das doenças reumatológicas, as mais prevalentes entre idosos são a artrite reumatóide (que pode iniciar antes, entre os 30 e 50 anos) e a polimialgia reumática. Muitas vezes elas causam dor, grande limitação e seus portadores não recebem tratamento adequado, pois não ainda não têm diagnóstico. É relativamente comum que estes indivíduos usem anti-inflamatórios e analgésicos por longo período. Quanto às demais doenças desse grupo, geralmente elas já foram descobertas numa idade mais jovem em que os sinais são mais exuberantes e já estão sendo tratadas.



A chamada dor neuropática, entre os de mais idade, faz parte do grupo daquelas de origem neurológica. Pode ocorrer sem que se perceba nenhum dano aparente a órgão ou tecido, como na neuralgia do nervo trigêmio ou naquela causada pelo diabetes. Noutros casos tem uma base anatômica mais clara, como é o caso do herpes zoster, das dores ciáticas, dos tumores, dos traumatismos, por exemplo. O que verdadeiramente ocorre é uma disfunção das vias que transmitem a dor, um “curto-circuito” das linhas de transmissão, ocasionando um estímulo doloroso incessante. E, por essa razão, é uma dor muito angustiante. Seu diagnóstico exige uma investigação clínica ampla, buscando a causa, a fim de que não se perca a oportunidade de tratar e até mesmo de eliminar os sintomas.



Finalmente, vale a pena falar um pouco sobre a fibromialgia, que provoca um sintoma doloroso não tão intenso, mas o suficiente para que o paciente busque ajuda médica. Trata-se de uma condição que gera verdadeira peregrinação do seu portador aos mais variados especialistas, uma vez que não provoca alterações em exames laboratorias ou de imagem. O paciente, diante disso, passa a duvidar do médico ou da incapacidade dos exames em detectarem seu problema. A fibromialgia piora com a tensão emocional e, geralmente, vem acompanhada de um sono de má qualidade, sentimentos de tristeza, menos-valia e sensação de incapacidade para o trabalho ou lazer. Pode melhorar muito com medicação psicoativa e analgésica específica, além de psicoterapia e terapias corporais.



Portanto, fica claro que a dor crônica, especialmente entre os mais velhos, não tem uma apresentação tão bem definida como nos mais jovens. Uma história detalhada dos sintomas, das doenças prévias e um exame físico cuidadoso são imprescindíveis para a identificação da sua causa e, por consequência, do tratamento bem sucedido.



Alexandre Avellar Alves

Especialista em Geriatria e Medicina Interna



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