Fadiga crônica em adultos
- alexandre6504
- 14 de mai.
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Quem já não experimentou aquele cansaço logo pela manhã e pensou que a cama seria o melhor lugar do mundo para passar o dia? Sensação absolutamente trivial e esperada nesses tempos de pressa, em que um silencioso relógio nos comanda e onde nosso corpo às vezes dá sinais de fadiga, pedindo um tempo maior de repouso.
Entretanto, o que dizer desse sintoma se ele nos acompanhar a maior parte do tempo, transformando nossos dias em pesados fardos a carregar, fazendo do sofá nosso lazer predileto?
Uma pesquisa estadunidense revelou em 2000 que a sensação de fadiga é a nona queixa mais comum entre adultos que procuram médicos; outro estudo, britânico, encontrou fadiga excessiva em 38% dos entrevistados numa amostra de 15.000 pessoas. Há evidências de que as mulheres são mais suscetíveis que os homens nesse caso, algo em torno de 28 versus 19%.
O curioso desta queixa é que a maioria dos indivíduos se julgam portadores de alguma causa orgânica, como anemia ou câncer, por exemplo, enquanto seus médicos tendem a atribuir a um fator funcional e transitório a causa do sintoma. Isso acontece porque as estatísticas médicas têm demonstrado que mais de um terço dos exames laboratoriais e clínicos resultam normais e que boa parte dos queixosos, algo em torno de 80%, demonstram sinais de ansiedade ou depressão em testes psicométricos. Diante disso, como deveríamos nos comportar?
Inicialmente, é fundamental que a queixa real seja bem definida e que o médico desenvolva um minucioso interrogatório acerca dos sintomas. Dados como doenças em curso, perfil psicológico, climatério, uso de determinados medicamentos, gestação ou cirurgias recentes, transtornos de sono, hábitos alimentares, excessos de atividade física, estresse, ambiente familiar, uso de álcool e drogas, febre, emagrecimento não podem ser omitidos. Em seguida, um exame físico cuidadoso deve acompanhar a entrevista. Provavelmente assim o médico alcançará o diagnóstico, mesmo na presença de outras doenças previamente existentes.
A realização de exames complementares, na fadiga crônica, geralmente fica condicionada ao posterior seguimento do paciente, já que o tratamento médico é iniciado logo num primeiro momento, especialmente se o rastreamento para ansiedade e depressão for positivo na primeira consulta. Acompanhamento clínico criterioso, confiança mútua e reavaliações periódicas geralmente permitem a resolução do problema. Na eventualidade de persistência das queixas de fadiga e cansaço crônicos, alterações metabólicas (tireoideanas, glicêmicas, do cálcio, eletrolíticas) devem ser investigadas, bem como as funções do fígado e rins, por exemplo.
Sintomas de cansaço e indisposição crônicos, superiores a seis meses e sob seguimento médico regular, devem alertar sobre a possibilidade da síndrome da fadiga crônica. Diferentemente de um simples “desânimo”, nesta síndrome há importante redução da capacidade física, de forma objetiva. Seu diagnóstico obedece a determinados critérios e alguns sinais e sintomas clínicos o médico poderá constatar. Há tratamento bem estabelecido atualmente.
Enfim, vale lembrar que falta de energia e sentimento de preguiça persistentes são péssimos companheiros nesses tempos de pressa. O trânsito que não anda, a agenda apertada ou um travesseiro muito antigo podem até servir de desculpas para nossos sintomas, porém não custa desconfiar delas.
Alexandre Avellar Alves
Especialista em Geriatria e Medicina Interna

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