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A velhice bem sucedida

  • alexandre6504
  • 14 de mai.
  • 2 min de leitura

Uma senhora de setenta e quatro anos entra sozinha no supermercado, apanha um carrinho e vai colocando nele os produtos que deseja. Observa e lê o rótulo de alguns deles, atentamente, e os compara aos seus similares da mesma prateleira. Depois de uma hora e meia de idas e vindas pelos corredores, encontra-se com uma conhecida e decide tomar um cafezinho. Ao final, vai até o caixa, ajuda a empacotar suas compras, confere a nota fiscal e faz o pagamento. Um pouco antes de sair, apanha seu telefone celular na bolsa e chama um taxi que possa levá-la até em casa.



Do outro lado da cidade, com extrema dificuldade, um senhor de sessenta e sete anos e vítima de acidente vascular cerebral tenta se sentar na cama para alcançar o copo d’água que se encontra sobre o criado-mudo. Após duas tentativas, desapontado, desiste e aciona uma campainha instalada na cabeceira da sua cama, quando então surge sua esposa e o atende, tentando interpretar seus gestos e sua fala pouco compreensível, em virtude do grave derrame.



Essas duas situações tão distintas, apesar de imaginárias, decerto são a realidade de boa parte dos nossos 32 milhões de idosos, desde a caatinga paraibana, passando por Ipanema ou favelas paulistanas e chegando até os mais bem situados velhinhos porto-alegrenses. São situações que podem estar acontecendo na casa do nosso vizinho ou até mesmo sob o nosso próprio teto neste momento, seja pela a presença de um idoso independente, autônomo, socialmente integrado, ou pela presença de alguém cujos últimos anos de vida não são mais que um pesado fardo de desesperança e dependência.



Enfim, clara está a perspectiva pela qual os gerontólogos devem olhar o fenômeno do envelhecimento humano no início deste novo século: funcionalidade. Nunca foi tão importante perguntarmos aos nossos “envelhecentes” se eles são capazes de. Eis que devemos escolher a melhor pergunta neste século de velhos: quantos anos tem a sua vida ou quanta vida tem em seus anos?



E, obtida a resposta, por que não tratarmos de garantir a autonomia máxima, a funcionalidade máxima e a independência máxima aos nossos cidadãos mais vividos? Afinal, em breve seremos velhos, do outro lado de uma falsa fronteira cronológica, a engrossar as estatísticas que tanto gostamos de elaborar.



Cabe-nos, em nossas mais variadas posições no mosaico social, facilitarmos uma inserção ativa de nossos idosos na sociedade, desvestindo as ações institucionais de sua roupagem paternalista e criando um novo ambiente de convívio com os cidadãos mais antigos, que certamente têm muito a contribuir, questionar e até modificar. Envelhecimento bem sucedido demonstra sociedade bem sucedida.



Alexandre Avellar Alves

Especialista em Geriatria e Medicina Interna



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